Diario de Bordo de uma Portuguesa

...vejo semanalmente ditas "figuras públicas" a receberem prendas em lançamentos de novos produtos do mercado.

Ele é telemóveis, relógios, roupas, sapatos, livros e outro inúmeros artigos caros e normalmente sofisticados.

As marcas acham que ao presentear as ditas "figuras públicas" com os seus artigos, que vão levar o grande público a comprar e a criar necessidade.

Pois em mim provoca-me o efeito contrário: se essas marcas dão-se ao luxo de oferecer esses objectos (muitas vezes de luxo) a quem os pode comprar, porquê que quem os não pode, irá a correr fazê-lo?

Eu que vivo do meu trabalho tenho que poupar para ter as coisas, e quem vive do croquete alheio tem tudo de mão beijada?!

É já a correr...

...vos deixar sem cartão multibanco ou outro meio de movimentação da vossa conta, numa sexta-feira à tarde e por lapso do funcionário do Banco, em vésperas de parto, aquando ainda se tem de fazer as últimas compras?

Isso é ou será Impulse?!

Enviei hoje um email de reclação para o Jumbo aqui do Burgo:

"Bom dia,

Venho por este meio lamentar o atendimento global do Jumbo de xxxx.
Habituada a frequentar o Jumbo de xxxxx durante muitos anos, por mudança de residência o de xxxxx passou a ser o mais perto.
Começo por dizer que me encontro grávida de 35 semanas, e que esta manhã pretendia comprar fraldas e demais acessórios para o bébé que está a chegar, mas foi-me impossível.
Além do estacionamento exterior (e mais cómodo para a minha presente situação) estar em obras de pavimentação, não existem lugares de esctacionamento reservados a grávidas ou pessoas de debilitada locomoção.
Quando questionado o segurança que se encontrava de serviço no estacionamento exterior, fui informada que teria que dar a volta pela Estrada xxxx para voltar a entrar no estacionamento interior.
Pois bem, dei a volta sim, mas para ir ao Modelo de xxxxxx, que além de ter estacionamento à porta reservado a pessoas de mobilidade reduzida, tem uma caixa de pagamento exclusiva para grávidas, que me permitiu efectuar todas as compras de modo rápido e eficaz.
Informo que a caixa reservada a grávidas no Jumbo de xxxxxx não é exclusiva, tendo eu muitas vezes que ouvir desabafos de pessoas de mal com a vida, que se encontram nessa mesma caixa, e que não entendem o porquê de lhes passar à frente.
Faço saber que já são por duas vezes que me deparo com várias situações raras na loja de xxxxxxx, uma das quais exigi a presença do gerente de loja, que apesar de solícito, não me parece ser um líder quanto à aplicação e gestão desta v/loja.

Tenham em conta o que entenderem com a presente exposição.

Melhores Cumprimentos,

xxxxxxxxxxxxxxx.

Uma vergonha!

Hoje dirigi-me ao Centro de análises aqui do burgo para fazer as (últimas) análises da gravidez.

Pois bem, o centro abre supostamente às 08.00 e eram 08.30, a sala cheia de gente, e nada de analista.

A empregada da recepção acumula as requisições todas das pessoas na sala de espera, manda sentar, e só então chama uma a uma as pessoas para lhes fazer a "ficha" e algumas perguntinhas do questionário, em voz alta e para a geral.

"A urina é de que horas?, Já teve hepatite de alguma espécie? Grávida de quanto tempo? É a primeira vez que faz cá análises?"

Bem...além do muito tempo que estive à espera, e da ameaça que me vonha embora, pois o açucar não é muito quando se está de esperanças e em jejum desde manhã cedo, lá se decidiu por mim.

Depois o pagamento: um carregamento de análises, e nada de multibanco. Uns trocados esquecidos na carteira (nunca ando com dinheiro vivo), e a questão ficou parcialmente resolvida.

Reparo então que o resultado das mesmas são para daqui a 3 semanas, ao que riposto que se assim fôr não será necessário fazer análises, pois provavelmente a criança já terá nascido.

Informam-me que é mesmo assim, pois algumas análises são de cultura e se "houver infecção" tem mesmo de ser assim.

Lá colocam a vinheta "muito, muito urgente" e que me ligam assim que estiverem prontas.

Entro logo a seguir.

Sou atendida, e da mesma maneira saio para ir matar a fome: minha e da minha pequena.

Este País anda todo louco e passado da marmita ou sou mesmo eu, que apesar de Tuga tenho mentalidade de País de primeiro Mundo?

Deparei-me com três situações no Modelo-Continente aqui do Burgo:

Com que certas viaturas civis e/ou institucionais apresentam marcha de urgência, quando não a têm.

Carros da PJ, PSP, GNR, ambulâncias.

É uma vergonha!

Fiquei chocada com a grande "romaria" que se fez durante todo o fim-de-semana, em Amarante, na visita aos escombros da estrutura metálica sobre o IP4.

Numa das entrevistas, uma cidadã dizia "que veio ver, pois nunca tinha visto".

E eu pergunto: o interesse de ver a miséria do trabalhador que morreu, e dos 8 que ficaram feridos, reside onde?

É que apreciar um monte de arames tortos...

Se aparecesse tanta gente para trabalhar ou produzir algo de útil, como para ver desgraças, seríamos um país com um PIB fantástico.

Após a minha última experiência como passageira na TAP, não aconselho ninguem a viajar por esta companhia.

Pelo mau serviço, falta de simpatia, nenhum profissionalismo.

Nem o chefe de cabine escapou. Foi preciso um passageiro exigir efectuar uma reclamação em pleno voo, para que se "reparasse" o atendimento.

Foi ouvido de cócoras, para que os restantes passageiros não se apercebessem da dita reclamação.

Ao ser verdade o pedido de aumento de 8%, fica a nota que não valem, este ano, a inflação prevista.

Já foi bom viajar na TAP, hoje em dia, já não é.

Quando decidimos fazer análises num laboratório fora de um grande centro, como Lisboa, o que acontece é que os resultados que normalmente demoram alguns dias, lá demoram algumas semanas a ficarem prontos.

Quando se está grávida, esse prazo ultrapassa mesmo a consulta mensal que se tem no obstetra.

A resposta à minha indignação por parte do laboratório foi: "3 semanas?! Tem sorte! Costumamos demorar 3 meses a dar os resultados!".

E pronto! Saí de lá sentido-me uma sortuda, porque poderia demorar 3 meses, e apenas vai demorar 3 semanas.

Quando se está grávida, ouve-se dizer, no emprego que é uma sorte vir de "férias" 4 ou 5 meses, após o parto.

E ouve-se também dizer como estamos "de saída" e por pouco tempo, não há possibilidade de novas tarefas, nem novos desafios, mesmo que ainda faltem 4 meses de gestação.

O mais grave é que servimos durante os vários anos, e fomos enaltecidos pelo nosso empenho e esforço, principalmente quando podíamos fazer Sábados e horas extraordinárias.
Eu pergunto, com esta mentalidade ainda a vigorar em pleno séc. XXI, haverá vontade que a natalidade aumente?

E as mulheres? Que se sentem desamparadas e marginalizadas nesta altura que é das mais bonitas da sua vida?

Balcão da Loja do Cidadão de Odivelas.

Não há atendimento prioritário para deficientes, grávidas ou pessoas acompanhadas de crianças pequenas.

20 ou 200 pessoas na fila, quem tem mobilidade reduzida por qualquer motivo, tem de aguentar.

E como as cadeiras são escassas, mesmo de pé, não há apelo nem agravo.

O que me espantou é que estavam duas funcionárias atender, e após a minha pergunta, e a consequente resposta, uma delas saiu para ir tomar o pequeno-almoço, ficando apenas uma, atender a imensidão. Eram 10.30 da manhã.

Este blog é inaugurado para expor muitos dos problemas com que se me deparo no dia-a-dia, pessoalmente ou no geral.

Como mulher e principalmente como cidadã, espero escrever os desabafos de certas situações, caricatas, no mínimo, mas também conto com a participação de todos quanto achem que esta partilha é útil e evolutiva na caminhada da sociedade civil.

Apontar os defeitos, enaltecer as virtudes, mas principalmente partilhar, partilhar, partilhar.